Motocicletas e tecnologias alternativas

As válvulas acionadas por sistema desmodrômico se diferenciam das convencionais por ter seu retorno feito por meio de eixos de comando, ao invés das tradicionais molas. A vantagem das válvulas desmodrômicas é evitar a “flutuação das válvulas”, fenômeno que ocorre em altos giros, quando as molas não conseguem acompanhar o ritmo de combustão do motor e não conseguem retornar a válvula para a posição fechada. Isto gera perde de potência e em alguns casos a quebra das válvulas. No sistema desmodrômico isto não acontece, pois os eixos de comando que retornam as válvulas garantem o ciclo completo no movimento das válvulas. Apesar de ter sido popularizado pelas motocicletas Ducati, as válvulas desmodrômicas foram mencionadas em 1896 na patente de Gustav Mees. E também utilizadas em carros de corrida da Mercedes-Benz durante a década de 1950. A desvantagem do sistema é sua maior complexidade, peso e custos, pois utiliza duas árvores de comando para cada válvulas. E mecanicamente, o eixo de comando que aciona o retorno causa mais fadiga nas válvulas do que as molas convencionais, isso porque exercem maior força e contato contra a sede das válvulas.

No sistema de suspensão Telelever, a mola fica localizada entre o motor e os garfos apoiada num estrutura conectada ao motor. As vantagens deste sistema largamente utilizado pela BMW, é o menor peso do sistema, aliviar as rodas de absorver impactos, garantir maior tração nas acelerações e menor “mergulho” nas frenagens. A desvantagem é somente o custo de produção e manutenção.

Criado por Pierluigi Marconi como tese de conclusão de curso, o conceito de suspensão Pull Rod dispensa o uso de bengalas e desmembra o sistema de direção da suspensão. As vantagens são o rebaixamento do centro de gravidade ganhando estabilidade em curvas, menor peso da moto e um visual exótico. As desvantagens são o posicionamento do sistema de freio muito vulnerável e alguma falta de agilidade nas respostas da direção, segundo alguns pilotos. O sistema se tornou popular em 2006 quando a Bimota a implantou o conceito na Tesi 3D.

O conceito de freios ZTL (Zero Torsion Load) foi desenvolvido pela norte-americana Buell. O sistema consiste em fixar um disco de freio à borda do aro, o que segundo o fabricante dispensa o uso  de pinças com vários pistões, o uso de disco duplo, reduz o peso da roda em 3 kg e elimina a torção do quadro durante freadas  extremas.

Outro recurso engenhoso criado pela Buell foi o Fuel in Tank, um quadro de alumínio que servia também como tanque de combustível. Já o braço da suspensão traseira servia como reservatório do óleo lubrificante. O objetivo deste conceito é distribuir o peso do combustível de forma mais uniforme e baixar o centro de gravidade, proporcionando à motocicleta uma alta maneabilidade. A supressão dos reservatórios de combustível e óleo garantem, ainda mais leveza à moto.

O Código BMW

Os alemães são tão metódicos e eficientes, que não perdem tempo pesquisando nomes pomposos para suas máquinas. Ao invés disto, os fabricantes alemães tem a tradição de designar seus modelos por siglas e algarismos. Com a divisão de motocicletas da BMW não é diferente. É um sopa de letrinhas que apenas os leitores mais assiduos sabem interpretar. E para quem não sabe a diferença entre uma  F 800 GS e uma R 1250 GS, esta é a oportunidade para aprender.

A série F é composta por motocicletas polivalentes equipadas com motores de 2 cilindros em linha, suspensões convencionais e transmissão final por corrente. Com estas configurações, a BMW conseguiu criar uma opção de motocicletas mais baratas (ou menos caras, se preferir) e mais leves para seus clientes que procuravam motocicletas menos caras e sofisticadas do que as tradicionais séries R e K ofereciam.

A série G, é relativamente nova na BMW Motorrad. Aqui as motocicletas tem vocação off-road, utilizam motores Rotax de um cilindro, suspensões convencionais e transmissão final por corrente. A série G trouxe para as ruas e trilhas todo o know-how que a BMW ganhou em competições de enduro.

É na série K onde estão as maiores e mais sofisticadas motocicletas da BMW, equipadas com motores de 4 ou 6 cilindros em linha e refrigerados a água e as suspensões trazem o sistema BMW Telelever/Paralever com um único amortecedor na dianteira e o eixo cardã incorporando a suspensão traseira numa única peça. A série K foi criada para os clientes BMW que não gostavam dos motores boxer a ar da série R.

A série R traz a essência das motocicletas BMW, pois aqui estão os elementos tradicionais que diferenciaram as motos BMW de todas as outras como o motor boxer bicilindrico refrigerado a ar e as suspensões BMW Telelever e Paralever. Ao lado da série K, a série R concentra as motocicletas de maior porte da BMW. Muitos acreditaram que a série R estaria fadada à extinção por seus antigos motores boxer refrigerados a ar não se enquadrarem em normas antipoluição européias que entrariam em vigor. Mas a engenharia da BMW conseguiu modernizar seus motores a ar a ponto destes serem menos poluentes do que muitos motores refrigerados a água.

A série S nasceu de uma necessidade da BMW em construir uma autêntica esportiva, pois as antigas K 1200 RS e K 1200 S eram muito pesadas para sequer chegar perto das ágeis e leves japonesas. A nova fórmula foi substituir o eixo cardã por corrente e adotar suspensões convencionais no lugar do sistema Telelever/Paralever. O motor (assim como na série K) apresenta 4 cilindros em linha, mas com caracteristicas esportivas com altos giros e potência na casa dos 200 cv: nada a ver com os motores fortes e mansos da série K. Se no passado a imprensa especializada fazia piadas com a incapacidade da BMW em construir uma esportiva eficaz, hoje sua S 1000 RR é referência na categoria.